Mesmo depois do fim da banda, em 1970, Ringo continuou amigo
dos outros três membros - pelo menos, na medida do possível. Tanto é que
a tradição que McCartney, Lennon e Harrison tinham de enviar cartões
postais ao baterista colecionador continuou por alguns anos depois da
traumática separação, dando anos mais tarde origem ao livro "Postcards
From The Boys". Embora seu casamento, em 81, com a atriz Barbara Bach (a
bond girl do filme "007: O Espião Que Me Amava") tenha lhe dado a esperança
de talvez começar uma carreira no cinema - ele esteve em filmes
diversos como "Mande Lembranças Para Broad Street" (84), "O Homem das
Cavernas" (81), "Lisztomania" (75) e no clássico "200 Motels" (71), ao
lado de Frank Zappa
e Keith Moon, batera do The Who - o negócio de Starr era mesmo a
música. Ainda bem, só para constar, já que como ator ele é um excelente
cozinheiro.
Sua incursão na carreira solo não foi das mais fáceis, é
preciso admitir. Seus talentos como compositor e letrista sempre foram
muito limitados se comparados
com os de seus ex-colegas de banda. E portanto, era de se esperar que,
apesar de lançar praticamente um LP por ano no começo de sua
discografia, Starr sempre contasse com diversas participações especiais
do calibre de Elton John, Eric Clapton, David Gilmour (Pink Floyd) e obviamente de Lennon, McCartney e Harrison (devidamente separados, é bom que se diga).
As tentativas de Ringo Starr no universo musical foram muitas, e boa
parte delas absolutamente detonadas de maneira impiedosa pela crítica
musical. Em "Beaucoups of Blues" (70), por exemplo, ele fez uma jornada
rumo ao country, de Nashville. Já em "Ringo The 4th" (77), a idéia foi
flertar com o soul e a disco music que estavam em alta na época. Com "I
Wanna Be Santa Claus" (99), ele tentou as canções natalinas. E em
bolachas como "Ringo's Rotogravure" (76) e "Bad Boy" (78), o ex-beatle
rendeu-se de vez ao pop rasgado. Mas nada disso surtiu efeito. Somente
como o auto-intitulado "Ringo", de 73, é que o baterista encontrou a sua
verdadeira identidade musical pós-Beatles: um rock divertido, sem
compromissos, bem-humorado, e abordando temas leves, sorridentes e de
bem com a vida. Exatamente como o próprio Ringo, aliás. Seus três
últimos álbuns de inéditas, incluindo o recente "Choose Love", vêm
seguindo esta fórmula. E para um dos ídolos de Marge Simpson, parece
mesmo que "em time que está ganhando não se mexe
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