segunda-feira, 14 de maio de 2012

The Beatles-White Album - 1968

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Este é o primeiro álbum dos Beatles lançado pela Apple Records, firma que pertence à própria banda. Nenhuma das trinta canções contidas aqui foram aproveitadas como single, a banda lançara apenas o single “Hey Jude” / “Revolution”, três meses antes. No entanto, através dos anos, o álbum The Beatles, apelidado popularmente em todo o mundo como o Álbum Branco, tem várias canções largamente celebradas como de sucesso e bem conhecidas mundialmente. Canções como Back In The USSR, Dear Prudence, Ob-La-Di Ob-La-Da, The Continuing Story of Bungalow Bill, While My Guitar Gently Weeps, e Martha My Dear, todas ganhando na época e nos anos que se seguiram, considerável audição nas rádios.

A capa foi criada pelo artista pop Richard Hamilton e o título original era para ser A Doll’s House, mas uma banda britânica chamada Family, já tinha lançado um álbum com nome similar. Foi o primeiro disco lançado após a morte do manager Brian Epstein.

A maioria das canções do disco foi feita durante a meditação transcendental em Rishikesh, na Índia com Maharishi Mahesh Yogi. Embora fosse uma meditação profunda concebida inicialmente para livrar os membros de todas as obrigações e aflições de seu mundo, ambos Lennon e McCartney davam suas escapadas para, clandestinamente, "irem ao quarto um do outro esboçar algumas idéias." Lennon disse tempos depois: "Eu escrevi minhas melhores músicas lá." Beirando quase quarenta músicas que foram inicialmente arranjadas e gravadas em Kinfauns, na casa de Harrison em Esher.

Os Beatles deixaram Rishikesh antes do tempo, com Starr indo primeiro (que tentou ficar mais tempo pressionado pelos companheiros, mas acabou partindo, se sentindo muito mal pelo tédio e pelo tempero forte da comida, já que tinha problemas de estômago) seguido por McCartney. Lennon e Harrison foram embora juntos, algumas semanas depois. O motivo da partida de Lennon foi o seu desapontamento com Maharishi, devido aos rumores do possível assédio dele para com Mia Farrow. Detalhes dessa história podem ser vistos na música escrita por Lennon, "Sexy Sadie".

O Álbum Branco foi gravado entre 30 de maio a 14 de outubro de 1968, com maior volume no Abbey Road Studios e algumas sessões no Trident Studios. Apesar de produtivo, foram sessões indisciplinadas, e às vezes relapsas, com tensão crescente entre os membros. Conciliando as gravações com a nova empresa Apple Inc. Corps, os companheiros de banda acabaram se tornando homens de negócios, o que desgastou e muito a relação entre eles.

As gravações também foram marcadas pela presença da nova namorada de Lennon, Yoko Ono, que criou mais uma tensão entre a banda já que nunca, nem mesmo George Martin, ficava no estúdio quando os Beatles estavam compondo e gravando. Segundo Harrison: "John apresentou as instalações de Abbey uma vez, e ela nunca mais foi embora… Aparecia todo santo dia." O autor Mark Lewisohn relata que o disco contou com a primeira seção de gravações a durar 24 horas, com Lennon, McCartney e Martin fazendo os últimos ajustes e a seqüência final de mixagem em um único dia.

 Apesar do nome oficial do álbum ser apenas The Beatles, esse disco captura uma grande individualidade de seus integrantes. Os padrões de trabalho nele exercidos são drasticamente modificados com relação àquela sinergia e dinamismo de seus discos anteriores. Algumas vezes era possível encontrar McCartney trabalhando por horas em um estúdio, enquanto Lennon gravava em outro e Harrison e Ringo em um terceiro estúdio, todos quatro com engenheiros diferentes. "Pela primeira vez eu precisei ser três produtores" dizia Martin, que em uma ocasião com sua autoridade quase que ignorada pelos Beatles, deixou Chris Thomas na produção enquanto viajou num feriado. Durante uma dessas sessões com a gravação de "Helter Skelter" Harrison confessou ter sido um caos e se lembra de ter corrido pelo estúdio com os nervos à flor da pele.

Em 16 de julho o engenheiro Geoff Emerick, que trabalhou com os Beatles desde Revolver, anunciou que não trabalharia mais com a banda, por causa do desgosto e deterioração do ambiente de trabalho. Em 22 de agosto o baterista Ringo Starr sai abruptamente, explicando mais tarde que fez aquilo porque sentiu sua participação minimizada perante os outros membros e que estava cansado do trabalho contínuo e demorado do disco. Os outros três imploraram para Starr retornar, o que aconteceu duas semanas depois com flores lhe esperando, espalhadas por toda a bateria (cortesia de George Harrison). Mas a reconciliação foi só o começo do fim e segundo Ringo: "meses e anos de miséria."

Durante esse tempo McCartney, multi-instrumentista, tocou bateria em "Back in the U.S.S.R." e "Dear Prudence".

Eric Clapton, através de um convite de George Harrison, tocou a guitarra solo em "While My Guitar Gently Weeps". Harrison tão logo retribuiu colaborando na canção "Badge" para o último disco do Cream, Goodbye Cream. Harrison disse anos depois: "A presença de Clapton no estúdio serviu para desanuviar as tensões entre o grupo e eles tiveram uma melhora em seu comportamento na sua presença." Nicky Hopkins também participa do disco tocando piano em "Revolution 1" e "Savoy Truffle" que também contou com uma seção de sopros.

Jack Fallon, um violinista foi recrutado para "Don't Pass Me By" e uma orquestra de música clássica e alguns vocais de apoio contribuíram para a canção de ninar, "Good Night". Apesar da presença de todos e de Yoko Ono na música "Revolution 9", nenhum deles ganharam créditos no encarte do disco.

 A capa foi elaborada pelo artista pop Richard Hamilton e uma de suas principais características foi o contraste com a capa vívida e cheia de cores do disco anterior, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band elaborado por Peter Blake, criando assim, apenas uma capa branca, com o nome da banda em relevo. Além disso, o disco trazia uma espécie de número de série, para criar nas palavras de Hamilton: "a situação irônica de uma edição numerada de algo que tenha mais de 5 milhões de cópias." Os lançamentos no EUA continha o nome do disco na cor cinza, enquanto que mais tarde nos lançamentos para CD o nome é na cor preta. Dentro do encarte, continha um mini-pôster, as letras das canções e fotos de familiares (Paul trabalhou como assistente de Hamilton, coletando essas fotos que trazia também um foto dele e outra de John ambos nus, porém essas fotos não foram parar no encarte para evitar confusão) e dos Beatles, tiradas por John Kelley. É o único disco dos Beatles que não traz eles estampados na capa. Muitos fãs na época ficaram tentando descobrir mensagens ocultas na capa simples de fundo branco.

domingo, 13 de maio de 2012

Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band - 1967

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Eles iniciaram como The Quarry Men. Eles tentaram como Johnny and the Moondogs. Eles se apresentaram como Silver Beetles. Mas Paul McCartney, Ringo Star, George Harrison e John Lennon foram reconhecidos mundialmente como The Beatles, o maior fenômeno musical do século.

Já faziam quase 4 anos desde a histórica apresentação no Cavern Club e a banda já não era tão ingênua, nem suas canções eram tão “alegrinhas”. Aliás, era o ano de 67 e tanto Londres quanto São Francisco viviam o auge da psicodelia e do amor livre. Foi neste contexto que os Beatles lançaram em 06/67, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band.

O álbum já começava diferente pela capa, uma montagem de fotos de personagens que iam de Aleister Crowley (mágico e místico, morava em um castelo onde hoje mora Jimmy Page) a Stuart Sutcliffe (tocou baixo com a banda no comecinho) a Bob Dylan  (quem lhes ofereceu o primeiro baseado). Outro detalhe marcante do disco é a produção de George Martin, o quinto Beatle... o álbum todo tem a digital dele.
Vários clássicos estão no álbum, como a faixa título (e sua reprise) e Lucy In The Sky With Diamonds. Também vale destacar Getting Better, a circense Being For The Benefit Of Mr. Kite e a música cantada por Ringo, With A Little Help From My Friends. O trabalho é fechado com a balada A Day In The Life, também presente em qualquer coletânea que se preze.

Nada pesado como Hendrix, mas retrata bem o período de amadurecimento da banda. Nota 10!

Durante a gravação de Sgt. Pepper nos estúdios Abbey Road, uma banda nova gravava seu primeiro álbum, fazendo um som bem experimentalista (maluco mesmo), característica da época... o play viria a se chamar Piper At The Gates Of Dawn. O líder da banda, Syd Barret. E a banda, Pink Floyd.

Dizem por aí que Brian Wilson (líder dos Beach Boys) ouviu Rubber Soul e ficou maluco com o som tirado pelos Beatles. Combinando o som dessa obra com a influência das produções do Phil Spector, Brian e banda se trancaram no estúdio e lançaram Pet Sounds. Aí, Paul McCartney ouviu Pet Sounds e ficou doidão. Entrou no estúdio com um tal de Lennon e mais dois (três, tinha o George Martin) e fizeram Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Em resumo: Rubber Soul “inspirou” Pet Sounds, que “inspirou” Sgt. Pepper's.

O ambiente dentro da banda na época de gravação de Sgt. Pepper não era dos melhores... já não mais compunham juntos, apenas mostravam as canções feitas um para o outro no estúdio.


Esboço desenhado por Peter Blake
A idéia inicial para a capa veio de Paul McCartney que desenhou em um pedaço de papel uma multidão em uma praça para assistirem Sgt. Pepper e sua banda receberem do prefeito uma copa ou troféu. Paul contou sua idéia para Robert Frazer que o levou para conhecer Peter Blake, um dos artistas pioneiros e fundadores do Movimento Pop Art. Peter então fez o seu desenho, mudando ligeiramente o conceito inicial, que iria mudar mais até se tornar a capa como nós a conhecemos.
 
Nessa primeira reunião entre Blake, Frazer e McCartney, nasceu a idéia da banda escolher a galeria de pessoas a serem representados na capa. Paul então levanta a proposta com os demais Beatles, sugerindo que todos relacionassem nomes de pessoas que admiram e que gostariam de ver na capa.
Quem escolheu as figuras presentes na capa?

John Lennon: Algumas das escolhas de John para serem homenageados na capa foram apenas para ser atrevido. Entre estes podemos citar Mahatma Gandhi, Adolf Hitler, Jesus Cristo e o Marquês de Sade, os dois últimos jamais chegando à arte final. Brigitte Bardot, Lord Buckley, James Joyce e Friedrich Nietzsche também acabariam de fora. Suas opções entre os homenageados presentes são Lenny Bruce, Aleister Crowley, Dylan Thomas, Oscar Wilde, Edgar Allen Poe e Lewis Carroll.

George Harrison: A sua lista só inclui gurus indianos. São eles Sri Mahavatara Babaji (entre William Burroughs e Stan Laurel), Sri Yukteswar Giri (ao lado de Aleister Crowley), Sri Lahiri Mahasaya (entre Albert Stubbins e Lewis Carroll), e Paramahansa Yogananda (ao lado de H.G. Wells).

Ringo Starr: Com seus pensamentos mais voltado para casa, Ringo não se interessou em escolher ninguém para o mural, porém apoiou as escolhas feitas pelos demais.

Paul McCartney: Embora nem todos de sua lista acabassem na arte final, Paul relaciona suas opções como sendo Brigitte Bardot, William Burroughs, Robert Pell, Karlheinz Stockhausen, Aldous Hexley, H.G. Wells, Albert Einstein, Carl Jung, Aubrey Beardsley, Alfred Jarry, Tom Mix, Johnny Weissmuller, Rene Magritte, Tyrone Power, Karl Marx, Richmal Crompton, Dick Barton, Tommy Handley, Albert Stubbins e Fred Astaire.

Peter Blake e Jane Haworth: O casal de artistas contribuiu com as presenças de W.C. Fields, Tony Curtis, Dion DiMucci, Bobby Breen, Shirley Temple, Sonny Liston, Johnny Weissmuller, e H.C. Westerman.

Robert Frazer: Entre os homenageados na capa, estão lá por sua escolha Terry Southern, Wally Berman e Richard Lindner.